domingo, 7 de novembro de 2021

Obrigada por tanto, Marília!

Foto: Marília Mendonça
Marília Mendonça rompeu com o olhar unilateral e chegou nos cantões de um Brasil acostumado a ver e ouvir os homens fazendo o que bem entendessem, mas as mulheres não. Foi inserida dentro de um seguimento musical extremamente machista (talvez o mais machista de todos), e não apenas ocupou seu lugar e construiu uma carreira maior do que qualquer homem no sertanejo, como também fez questão de demarcar sua condição de mulher. Através de suas canções – e da arte, que nos permite ser quantas quisermos – ela foi a mulher traída, a amante, a cachaceira, a apaixonada, a que fala de sexo com protagonismo… depois dela, de alguma forma tornou-se mais fácil ser mulher. Ela nos deu o aval para que fôssemos, também, essas tantas. Obrigada por tanto, Marília! 

domingo, 6 de junho de 2021

Terapia é ter mãos livres

arte: @revoltirinhas

A terapia é uma experiência mútua de se estar em relação com o outro de forma horizontal e ampliadora. Ela é uma experiência de encontro, um encontro genuíno, onde o consulente é recebido como ele é, com suas forças e fraquezas, limites e possibilidades.

O trabalho do terapeuta é dar suporte ao consulente no processo da descoberta de si, acompanhá-lo nessa caminhada de modo a ampliar sua "awareness" (pra quem não sabe o que significa, falei um pouquinhos sobre isso no post anterior), seu amadurecimento e a sua autonomia.

A relação que se estabelece entre ambos é um dos elementos mais importantes do processo terapêutico. Ela é uma prática que requer a disponibilidade do terapeuta para caminhar junto, não no sentido de guiar ou impor verdades, mas sim acompanhar o processo de crescimento e evolução do consulente em sua própria verdade.

“Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas,
mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana.”
Carl Jung

sábado, 29 de maio de 2021

Você sabe o que significa Awareness?

Este é um dos principais conceitos da Gestalt-terça. A tradução literal de Awareness para o português é percepção, consciência. Porém, a compreensão do termo ultrapassa o simples “estar consciente de algo”.

Awareness é a forma de experienciar o mundo e os fenômenos - dentro e fora de nós. É a tomada de consciência no momento presente através da nossa percepção pessoal, corporal e emocional.

Para que haja a Awareness é necessário haver contato. É através do contato que a relação com o mundo pode ser nutritiva. Ele é o responsável pelas mudanças da pessoa e das experiências que ela tem do mundo.

Na Gestalt-terapia, quando a Awareness acontece de uma forma adequada, dizemos que esse funcionamento é o campo da psicologia normal. Qualquer perturbação ou alteração do processo será considerado patológico. Para Perls, Hefferline & Goodman (os pais da Gestalt-terapia), a formação de Gestalten completas promovidas pela Awareness é condição para nossa saúde mental e crescimento.

Ficou com dúvida ou quer conversar um pouco mais?
Escreva para manubahls@hotmail.com ou me encontre no Instagram @psi.manuella!

quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

Sobre a responsabilidade do ser

arte: @samueldegois
Na Gestalt-terapia, o consulente é convidado a assumir a responsabilidade pelo seu atos, pensamentos e emoções, mesmo que sejam negativos. A responsabilidade de si mesmo amplia o senso de liberdade e autonomia nas pessoas. Dessa forma, aumenta também sua capacidade de assumir os seus erros e aprender com eles.

O objetivo desta abordagem é facilitar o processo emocional onde o consulente possa se responsabilizar pelas suas emoções e pagar o preço de viver em conformidade e honestidade com elas. A honestidade, a presença e a liberdade são valores fundamentais para a compreensão desta terapia.

“A maioria das pessoas não quer realmente a liberdade,
pois liberdade envolve responsabilidade, e a maioria das pessoas
tem medo de responsabilidade.”
Sigmund Freud

sábado, 16 de janeiro de 2021

A experiência do atendimento on-line

Dentre tantos desafios que a pandemia nos trouxe, o maior deles foi garantir que a “presença” que compunha as sessões realizadas em consultório também se mantivesse no campo virtual. Eu já atendia on-line antes, mas em quantidade bem menor, e migrar toda a agenda para esse formato foi bastante desafiador. Fiquei com dúvidas, não sabia se daria certo, se perderíamos vínculos, e me senti um tanto resistente à tal mudança.

Hoje, passado quase um ano desde o início dessa adaptação, digo que me surpreendi positivamente com o atendimento on-line. Percebi na prática que a essência da relação terapêutica se mantém, o vínculo estabelecido e o acolhimento não mudam, assim como as intervenções, a palavra, a escuta e a troca também permanecem.

É claro que precisei de alguns cuidados para que tudo corresse de forma segura e ética no ambiente virtual. Também foi preciso de uma boa dose de paciência de ambas as partes para as adaptações tecnológicas necessárias (o fone que não funcionava, a internet que oscilava, a câmera com pouca resolução) e para a falta de costume de alguns frente às telas. Porém, resolvida essa parte, tudo fluiu muito bem.

Agradeço a todos que caminharam comigo nesse processo coletivo de adaptação forçada. Psicólogo também é gente, e como gente, a pandemia me encheu de angústias também. Insisto em falar que terapia é via de mão dupla, e essa experiência foi a prova disso. Foram muitos os momentos em que comunguei as dores, os medo, os momentos de desesperança, a sensação de desamparo político e outros tantos lutos com meus consulentes. Compartilhamos o mesmo lugar e nos abraçamos através das telas, sentindo na pele o sofrimento do outro - porque o outro também sou eu.

Essa foto é do meu “consultório virtual”. Se você olhar com pressa, ele vai parecer pequeno. Mas se olhar com calma, vai perceber que ali dentro cabe um mundo imenso de afetos!

Psicóloga Manuella Bahls
CRP 12/14894

E você, já fez terapia on-line?
Conte nos comentários como foi sua experiência!