domingo, 9 de janeiro de 2022

Tem coisas que só saem da gente por escrito

Quem me conhece bem sabe que sempre gostei de utilizar a escrita como forma de expressão. O desafio de construir um texto com meus afetos em muito me ajudou a organizar angústias que, não raras vezes, estavam escondidas em algum canto dentro de mim e que ainda não havia descoberto.

Curiosamente, nestes anos de clínica, nunca havia sugerido aos meus consulentes que fizessem uso deste recurso. Não deixei de fazer por desacreditar em sua eficiência ou por não querer compartilhar isso com eles, mas por não ter me dado conta de que aquele hábito, tão particular, poderia ser instrumento terapêutico no processo de outras pessoas também. Hoje, grande parte das pessoas que atendo costumam ter meu incentivo em se atrever nessa tarefa catártica e libertadora que é a de nomear os afetos e transforma-los em texto.

A psicanalista Catherine Millot, certa vez, disse que quando escrevemos, nos situamos na fronteira daquilo que não é possível de ser dito. Eis a experiência da escrita. Existem coisas que não consigo dizer, mas continuo escrevendo. A escrita é uma busca incessante pelo preenchimento dos nossos pequenos e grandes vazios. Onde há vazio, cabe a escrita. Quando escrevemos, é possível abrir um caminho.

Frase de Catherine Millot
Fica aqui meu convite de hoje: ESCREVA! Não se preocupe com a caligrafia, não se importe com a gramática, escreva de forma contínua tudo aquilo que, por qualquer motivo que seja, ainda não conseguiu transpor em verbo. Me conte depois, no privado ou nos próprios comentários, como foi sua experiência.

Para as coisas que só saem da gente por escrito, palavra.
Para todas as outras, tempo.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

Janeiro Branco


Neste mês é iniciada a campanha “Janeiro Branco”, que tem como proposta voltar os olhares do mundo para as questões e necessidades relacionadas à saúde mental e emocional das pessoas. A iniciativa também visa desmistificar os tabus que ainda existem em relação ao tema.

A razão pela qual o mês de janeiro é o escolhido para a realização da campanha se deve ao fato de, no primeiro mês do ano, em termos simbólicos e culturais, as pessoas estarem mais propensas a pensarem em suas vidas, suas relações sociais, suas condições de existência, nas próprias emoções e sentidos existenciais.

O Janeiro Branco tem um significado especial, pois vem ao encontro da necessidade de nos voltarmos para dentro de nós, ouvirmos os nossos ruídos que sinalizam quando não estamos bem e efetivamente poder buscar ajuda quando necessário.

E você, tem prestado atenção na sua saúde mental?