segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

A terapia traz respostas, o terapeuta não

Durante a sessão de terapia, não é incomum o consulente esperar que seu terapeuta lhe traga respostas. Muitas vezes as situações difíceis da vida nos deixam sem saber o que fazer e é natural que surja o desejo por fórmula prontas e roteiros fáceis de se cumprir. Sem perceber, o consulente pode projetar no terapeuta tais desejos e colocar o profissional em um lugar de professor, de mestre, esperando que ele entregue soluções prontas para seus problemas. Só que ao contrário do que muitos pensam, o terapeuta não está ali para trazer respostas. Ele auxilia e estimula a criação de novas possibilidades, contribuindo para que você chegue às suas próprias conclusões sozinho.

O papel do profissional no processo psicoterapêutico é acompanhar o consulente na busca individual pelo autoconhecimento e ampliação de estratégias. O terapeuta é quem pergunta, provoca, instiga, mas jamais responde em seu lugar. A tarefa de encontrar respostas será sempre inalienavelmente sua.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

Sobre o luto

O luto é o conjunto de reações que o indivíduo apresenta durante o processo psicológico de adaptação a alguma experiência de perda. Quando pensamos em luto, atribuímos à ideia de morte - o que é uma compreensão incompleta. A “morte” neste caso não representa somente o findar da vida, como processo biológico, mas toda perda ou interrupção intensamente significativa para determinado indivíduo.

Podemos nos sentir enlutados em diversas situações, como em um término de relacionamento, na perda de um trabalho, na mudança de território, na alteração de status social ou até mesmo no encerramento de um ciclo da vida. A perda tanto do objeto quanto da ideia daquilo que nos afeiçoamos nos gera dor. E lembrando John Bowlby, quanto maior o apego ao objeto perdido, maior o sofrimento do luto.

Eu sei, sofrimento não é algo exatamente “gostoso” de ser sentido, e por isso podem ser frequentes nossas tentativas de esquiva. Tentamos a todo custo evitar as lembranças daquilo que perdemos para, quem sabe assim, deixarmos de experienciar a falta. Esquecemos, porém, que não há como curar a dor sem mergulho.

Aceite o processo, sinta o que for preciso e dê tempo a si mesmo. Afinal, luto não é esquecer, superar, seguir em frente, mas sim o trabalho de descobrir como se reconectar com aquele que deixou de existir fisicamente, e como continuar vivendo com essa nova forma de vínculo.